sexta-feira, 24 de abril de 2009

índios

Nos tempos de alto alegre...
Haverá limites para ignorância humana?
Cristãos tentam a todo custo converter uma nação indígena ao cristianismo. Crendo serem santas almas enviadas por Deus, tiram do convívio das tribos as meninas e meninos Tenteharas, na finalidade de interna-los em escola católica.
O genocídio cultural é estabelicido a pretexto de civilizar os "selvagens". Os costumes indígenas são severamente ameaçados pelos boçais carregados de boas intenções e crentes em sua superioridade espiritual...
Após algum período, várias indígenas internadas nos colégios católicos morrem devido a uma epidemia de sarampo. As mãe das garotas são levadas ao desespero pela distância das filhas. Posteriormente, um líder indígena, convertido e batizado no catolicismo, abandona a mulher cristã para viver com uma Tentehara. Esse índio é capturado pelos homens de Deus, torturado, humilhado...
O líder indígena então, volta à sua tribo e lidera uma rebelião. Conta das mortes das garotas no internato e na tortura a que foi submetido. Organizam um ataque.
13 de março de 1901, os índios revoltados invadem a missa, assassinando o padre, os frades, freiras e as internas no local. Depois invadem as residências das proximidades e matam mais de 100 pessoas. Cerca de 200 brancos foram mortos pelos Tenteharas.
Em vingança, o Estado dá cabo da vida de mais de 400 índios, sem contar com as outras mortes provenientes de epidemias e falta de adaptação do povo tentehara.
Hoje, uma igreja no Maranhão estampa o retrato dos frades e freiras mortos na rebelião. Os ossos dos fiéis estão guardados em uma urna preciosa e um processo de santificação dos mesmos tramita na itália.
O cemitério onde o líder indígena foi enterrado não existe mais. Não se conhece seu rosto. Não há fotos dos índios estampadas em parte alguma do estado do Maranhão. Seus mortos não foram contabilizados (há apenas estimativas), mas é sabido que são mais do dobro de vítimas brancas.
UM SHOW DE ETNOCENTRISMO. Uma barbárie causada pela tentativa de sobreposição cultural. Uma sutil vitória da resistência.
Essa história real ficou conhecida pelos populares como o massacre de Alto Alegre. Ela mostra que não há limites para o ego humano. Para estupidez humana...
Como não sou jornalista nem nada, não tenho a menor obrigação de sequer tentar ser imparcial. Os tenteharas foram vítimas dos capuchinhos ( os missionários da fé) e a atitude deles foi apenas uma reação à violência em que viviam. Prefiro nomear tais acontecimentos como fazem nossos índios do norte, batizando essa tragédia como "tempos de alto alegre".
Os religiosos conhecem o episódio por "martírio de alto alegre". Assim, cada qual vai narrando os acontecimentos conforme convém.
Eu vou pela ótica indígena. Não faltam vozes para para reproduzir a narrativa dos dominantes. A minha, com certeza não juntará a ela.

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